
pH Conectado a Você – Ansiedade, mudanças de humor e inseguranças: Como podemos ajudar nossos filhos?
Que a adolescência é uma fase polêmica, praticamente todos concordam! Mas quem assistiu à nossa entrevista, na última edição do #pHConectadoaVocê, sabe bem que essa fase pode ser menos desafiadora, se a parceria entre pais e adolescentes for estabelecida em um formato mais saudável. Para você, que perdeu a live, ou para você que assistiu, mas quer relembrar, reunimos aqui os principais tópicos tratados pelo nosso super time de especialistas: a pós-doutora em educação e pesquisadora do GEPEM Adriana Ramos, a mestre em educação e psicóloga Mariana Tavares e a nossa psicóloga e professora de Convivência Ética Camilla Oliveira.
”O grande desafio é ser autoridade sem ser autoritário”.
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O impacto do distanciamento social nas relações
O papo teve o tema “Ansiedades, mudança de humor e insegurança: como podemos ajudar nossos filhos?” e começou com Adriana esclarecendo a importância deste tema ser tratado em qualquer momento, mas especialmente em tempos de isolamento social. Segundo ela, a pandemia tem um impacto na vida de todos. As crianças, apesar de ressentirem, quando você dá uma coisa nova ela se entretém, além de ela não ter capacidade de entender a grandiosidade do que estamos vivendo. Já o adolescente consegue entender muito mais a dimensão do que estamos passando.
Ainda segundo Adriana, na escola, existe todo um aparato preparado da instituição para ter um olhar diferenciado para os alunos e para as alunas. Inspetores, atendentes, professores e psicólogos são treinados para identificar determinados comportamentos considerados atípicos nos adolescentes. Nesse momento de aulas online, no entanto, os estudantes não estão mais no colégio, e o trabalho da família é de extrema importância no sentido de trabalhar esse olhar sensível e entender se houve alguma mudança de comportamento nos jovens em casa.
”É bem importante as famílias pensarem que, apesar de tudo o que a gente está passando e não gostando, é uma oportunidade de aproximação entre pais e filhos”, conta Adriana.
Adriana ainda alerta para a importância de os pais se cuidarem. Ela ilustrou essa recomendação fazendo uma analogia com uma viagem de avião. ”Qual a recomendação do comissário de bordo em caso de pane? Primeiro você coloca a máscara em você, depois você coloca a máscara na criança. Ou seja: para você poder ajudar aquela criança ou aquele adolescente você precisa estar bem. Essa é uma recomendação importante: se a gente quiser ajudar nossos filhos, a gente precisa estar saudável mentalmente. E vivemos um momento delicado, nem sempre conseguiremos.”
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Saúde mental e a importância do acolhimento
Mariana trouxe à conversa, também, a questão da saúde mental.
O que significa, afinal, ter saúde mental? É aceitar aquilo que não dá para mudar. Aceitar não é aprovar nem concordar, nem temos que romantizar a situação. Não é “tudo bem”. Mas é entender que há coisas que são imprevisíveis. É pensar: “Eu não gostaria que as coisas fossem assim, mas o que posso fazer, afinal, para lidar com isso?”, explicou a psicóloga.
Ainda segundo Mariana, a amizade também desempenha papel fundamental na manutenção da saúde mental. “Muitos autores alegam que ter amigos é a possibilidade que nós temos de nos manter estáveis mentalmente. É importante que os pais aproximem-se dos amigos de seus filhos”.
”Precisamos ter clareza no papel que nós temos enquanto pais com nossos filhos. Precisamos acolhê-los. Em vez de buscarem a amizade de seus filhos, busquem a parceria, para que eles confiem em vocês”, acrescenta Mariana.
”Vamos tirar a ideia da “aborrecência”? É um período de transição, e extremamente importante.”
Mariana Tavares, mestre em Educação e psicóloga.
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Permissivos ou autoritários? Qual o caminho?
Nossa professora Camilla dividiu algumas dúvidas dos pais e responsáveis sobre como conseguir impor limites e estabelecer uma parceria ao mesmo
tempo. ”Uma das coisas que os alunos trazem, uma fala comum que temos ouvido de muitos adolescentes é: “Como posso ser eu mesmo para os meus pais? Porque se eu conto como eu sou, eles não vão aceitar.” — relata Camilla.
Esse é um grande desafio para as famílias nos dias de hoje. Adriana destacou a importância de os pais se aproximarem de seus filhos e citou uma pesquisa feita no Brasil. O estudo perguntava para crianças de cinco anos de idade: “qual é o seu maior sonho?”. A resposta que mais apareceu foi a de que o maior sonho desses entrevistados era ser o celular de seus pais. “Traduzindo o significado dessas falas, entendemos que, na verdade, o que elas querem é apenas atenção”, completou.
Adriana ainda alerta que tanto os pais permissivos quanto os mais autoritários podem ser prejudiciais ao desenvolvimento dos filhos. Segundo ela, o que mais afeta as crianças e os adolescentes, e há várias pesquisas demonstrando isso, é a família negligente.
Mariana elencou algumas dicas importantes para promover a aproximação entre pais e filhos e tornar esse relacionamento mais saudável:
1. DEMONSTRE INTERESSE GENUÍNO POR SEU FILHO:
Quando nossos filhos são pequenos, ouvimos inúmeras vezes a Galinha Pintadinha, cantamos e dançamos. E, quando chega a adolescência, não temos interesse pelas músicas que eles curtem, nunca assistimos à série que eles gostam, não entendemos dos jogos… Que tal partir daí?
2. APROVEITE A ROTINA PARA CRIAR UM ESPAÇO DE DIÁLOGO:
Construa um vínculo interessante com seus filhos. Procure ter papos leves: momentos dentro do carro podem ser interessantes para puxar uma conversa; estabeleça um momento para a refeição juntos; destine uma hora para organizar as coisas de casa em família. Todos esses momentos
podem ser de troca de ideias.
3. VALIDE OS SENTIMENTOS:
Todos os sentimentos devem ser reconhecidos: acolha, valide, reconheça. Evite comentários como “isso é bobagem”. Fale sobre os sentimentos. Isso é importante para criar vínculo.
4. CONHEÇA OS AMIGOS DO SEU FILHO:
Quem são eles? O que eles gostam? Como eles conversam? Como eles se relacionam? Esteja perto! Seja presente! Sem ser invasivo, ok?
Essas pequenas ações são extremamente significativas. Por meio delas, é possível construir uma relação de respeito, ou seja, uma relação que envolva confiança e admiração.